Shana Tová! ano novo judaico
A culinária pode revelar muito sobre a história de diversos povos. Para os judeus, os ingredientes são mais do que uma simples comida no prato, principalmente em festas comemorativas, como o Rosh Hashaná (Ano Novo).
Com objetivo de trazer a auto-avaliação, a comemoração reúne na mesa ingredientes diversos, como, mel, passas e tâmaras, para simbolizar um futuro mais doce. “Maçãs, por exemplo, representam a coragem de Isaac”, explica a chef Simone Chevis. Daí a procura por doces à base da fruta em lojas especializadas. “O Bolo de Maçã e o Strudel de Maçã são os mais solicitados nessa época”, garante Ana Halpern, gerente de compras da loja All Kosher.
Andrea Kaufmann, especialista na culinária típica da religião judaica, acrescenta na sua mesa bolo de mel e ainda um delicioso cheesecake.
Para a festa, a chef ainda elabora e comercializa receitas típicas, como, arenque marinado, patê de fígado e ovo e o Gefilte Fish. Em seu menu há também opções gourmet (terrine de salmão, cordeiro ao forno e tsimes de cenouras) ou ainda receitas mediterrâneas, como homus, coalhada e robalo ao molho provençal.
Geralmente a cerimônia não é muito diferente de país para país, mas o cardápio pode variar conforme a nacionalidade dos judeus. Os marroquinos molham tâmaras em sementes de erva-doce, gergelim e açúcar, além de servirem um peixe inteiro com a cabeça, a qual é oferecida ao chefe da família. Alemães comem carpa ou salmão agridoce e os residentes no norte da África preferem inserir seu prato típico, o couscous, com os vegetais simbólicos. “Nós mantemos a tradição dos alimentos simbólicos e adaptamos com a culinária típica de cada local, sem perder a sua história”, elucida a design de jóias Virgínia Griffel.
Sefaradim
Virgínia é de origem sefaradim, ou seja, faz parte do grupo de judeus orientais e da Península Ibérica. Ela costuma ir até a casa de seus pais e ajudar no preparo de uma mesa colorida e perfumada, repleta de condimentos e especiarias do Oriente. Entre eles, tamarindo, pimenta Síria, canela, amêndoas e nozes. Antes de iniciar o jantar, são feitas orações e uma cerimônia para sete tipos de alimentos. Alho-poró, beterraba e tâmaras secas estão relacionados ao afastamento dos inimigos. Já o feijão fradinho significa vida abundante. E a romã, às vezes servida com águas de rosa, está ligada à fertilidade. “Na hora de servi-lá é comum dizer as seguintes palavras: que o próximo ano seja repleto de boas ações, assim como os grãos da romã”. (veja aqui o cardápio completo).
Ashkenazim
Assim como os sefaradim, os ashkenazim, judeus de origem germânica ou européia ocidental, também fazem preces com vegetais (abóboras, alho-poró, cebolas, beterrabas, nabos e abobrinhas) e iniciam a refeição molhando a maçã no mel. Na mesa sempre está o challah (pão) que nessa época é feito no formato redondo. “Fazemos assim porque simboliza um longo ciclo de vida. Nessa época, a procura é muito grande”, afirma Sandra Killner, do Empório Kasher.
Na família de Simone, formada por russos, poloneses e descendentes, é comum iniciar o jantar com uma canja de galinha com Krepalech (massa recheada com carne). O primeiro prato servido é o peixe, que representa imortalidade e fertilidade. Entre os mais tradicionais está o Guefilte Fish, bolinho de carpa moído.
Fora do cardápio!
Alimentos azedos ou amargos nunca estão à mesa. Os judeus marroquinos não comem azeitonas pretas e berinjela, cujas cores e o amargor podem trazer má sorte. Já os libaneses não saboreiam comidas salgadas ou com limão. Alguns europeus, como os Ucranianos, não servem pepinos azedos, picles, raiz forte devido à acidez. Já as amêndoas devem ser evitadas, pois historicamente no galho de amêndoas do ramo de Aaron havia amêndoas doces de um lado e amargas do outro.
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